Silêncio
Hoje, não consigo me permitir passeios mentais pelo meu
mundo pop, composto de sons, imagens e idéias, tudo sem raízes locais, um mundo
dentro do mundo. Meu mundo interessante e confortável, com suas pequenas
descobertas e pequenos resmungos. Neste momento, tudo é supérfluo. Não é hora
de conversar sobre diversão.
(...)
Hoje, sou a voz do nada.
Hoje, eu não sei. Hoje, quase tudo o que povoa minha
vida, está em pausa. Louvando a suprema sorte de não ter ficado incomunicável,
virei porta-voz do espanto total, repassando notícias para gente preocupada com
a situação, por todo tipo de motivos. Amigos meus, amigos e parentes de pessoas
que vivem aqui por perto, gente que só estava tentando entender o que está
acontecendo, assim como nós todos. Desnorteados, mas atentos e genuinamente
preocupados, procurando uma forma de ajudar.
Hoje, só compartilho o desejo geral pelo sol, pela chance
da volta da solidez da normalidade possível. Um sol de desenho de criança,
confiante. Em que meu mundo, seu mundo, todos os mundos individuais.... voltem
a ter sentido.
Mas esse silêncio não pode ser de desânimo. As perdas serão superadas. E serão mais rapidamente superadas com as mistura de solidariedade, esperança e teimosia em saborear todas as pequenas alegrias, carinhos, todos os momentos de respiração calma em meio ao caos do momento.
A gente sempre quer mais. Hoje, este mais é a certeza de que temos e teremos muito para agradecer.
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