Cena dois: na televisão, Paulo Coelho, comentando sobre campanhas antidrogas, diz que elas deveriam passar a mensagem de que drogas tiram da pessoa o que ela tem de mais importante: o poder da escolha.
Essas duas cenas acabam sendo quase complementares: textos que deveriam nos levar à reflexão caem, com muita frequência, na armadilha da receita pronta. Faça isso, pense aquilo, evite aquela atitude, abrace, perdoe, esqueça, não esqueça. Essas ordens simpáticas são até reconfortantes: é um alívio achar certezas em meio à bagunça que nos cerca, por dentro e por fora, em certas horas! Somos humanos e procuramos quem nos diga o que fazer, desde sempre. Passamos a responsabilidade da escolha adiante com uma alegria desmiolada, sem fazer questão de perceber a fragilidade da coisa.
Porque não vale a pena abrir mão do direito de escolha. Qualquer dependência, ampliando o comentário do Paulo Coelho, acaba com nossa capacidade de optar. Depender do conselho alheio, de uma autoridade moral ou emocional pode parecer cômodo, mas é o desvio de um trabalho que temos que enfrentar, em algum momento.
Temos que ser responsáveis por nossas escolhas, por decidir o que achamos certo ou errado para nossas vidas. Não que seja necessária uma ruptura, uma negação, não que tenhamos que reinventar a roda da análise de tudo. É só usar o filtro – não, não é o solar! – que temos dentro da gente e escolher o que faz parte, ou não, das nossas listas de certos, errados, de aprovações ou rejeições.
Sem imperativos, sempre que possível. É uma promessa!
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